Pasárgada é o paraíso de uma mulher que vive a diversidade que lhe permite a história. Uma curiosa ardente que julga ser possível dentro da magnitude complexa dos sentimentos desvendar os mistérios guardados onde nem mesmo a razão ousaria chegar.

GRITOS

As ruas passam e meu corpo para. Bebo lágrimas. Tomo chuva. Transpiro sangue. Ajoelho dentre as poças de amargura. Padeço entre os sorrisos mortos. Ela sussurra em meu ouvido. Posso ouvi-la agora. Contorço minhas mãos e tento encaixá-las, quase arrancando minha pele, meu suor, meu tanto sangue, qual nem faz parte do meu corpo. Os sussuros são tão mais mansos que os meus. Suas mãos tão mais acolhedoras que as minhas. Estou ouvindo-a. Ouço-a chamar meu nome sem piedade. Ouço-a gemer entre meus ouvidos como se pudesse levar-me entre tuas mãos. Sinto seu abraço contornando meu corpo, perfurando minha carne, enlaçando meus medos. Chamo-a solidão, sem saber que só não me torno mais eu. Medo do eu que sou e não sei ser. Sentirei em tuas vestes o pavor do teu alvorecer. Caiu entre teus pés para que leve-me para teu anoitecer. Escurecer em mim, de mim, comigo. Deixe-me gritar para o mundo, já não aguento mais. 


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