Porque eu preciso olhar no espelho e acreditar no que vejo. E ver o que ainda não sou para continuar aspirando a ser. Se a imagem no espelho vira retrato, nada mais há o que esperar: o inferno é estático, gelidamente dantesco. Só no céu, que é a possibilidade da mudança, há movimento. Porque eu também sou aquilo que não sou. Ser apenas o que sou é muito pouco. É sobrevivência. É aquém do além que ser exige.
Vê: eu estou sendo. o gerúndio é a forma verbal da existência por excelência. Eu minto a verdade do que sou apenas para experimentar novas formas de estar. É um fingir autêntico. Finjo o que não sou para experimentar se, por ventura, posso ser. E a essa soma de estares, feita de tantas subtrações multiplicações e divisões, eu chamo existência. Artesãos costumam chamar de mosaicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário