Das coisas que ainda restam a dizer, as repito por teimosia (tudo já foi dito e, ao mesmo tempo, nada. Tudo é muito pouco quando se trata de amor) - talvez para que a repetição me convença, em algum momento, que andar em círculos não faz com que a estrada curva se torne uma reta (acreditar no contrário é profissão de burrice, não de fé).
Das saudades que ainda transbordam a consciência que-procura-esquecer, as sinto como marca férrea e demarcante de algo que se prometeu intenso e inteiro - e foi, na medida atemporal do sentimento vivido. Só se tem saudade do que traz o sinal anímico e corporal do amor.
Das certezas que procuro para me convencer de que tudo que me era possível foi feito, acalenta-me aquela que me relembra que o afeto que eu te dediquei conteve em si toda a integridade, inteireza e inocência características d'um primeiro amor. Amei-te com toda a ingenuidade pueril que acredita que aquilo é pra sempre, sem-saber-que-o-pra-sempre-sempre-acaba.
Das aprendizagens que ficaram - pela dor -, aprendi que o amor não é única condição para se poder amar: tão imprescindível quanto, é dose imensa de ousadia e coragem, que devem ser tomadas dia após dia.
Das atitudes que tomei no depois, todas foram motivadas por uma espécie de instinto de autopreservação - minha bondade e meu amor pelo outro devem ter um limite: o de não ser cruel comigo mesma.
O meu amor eu conjugo no passado porque ele foi, de forma ativa, combatido. Não morreu morrido, mas matado. Era o que me restava, como efeito das tuas escolhas.
O ato heróico do meu amor foi, ainda que contrariado, respeitar a liberdade do teu escolher - essa foi a maior prova que ele, de si mesmo, pôde lhe dar.
Das expectativas que trago em relação ao porvir - que tudo se transforme, pelo tempo, em alicerce de vida, em palavra bem-dita, em memória indolor, em história da minh'alma.
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