Pasárgada é o paraíso de uma mulher que vive a diversidade que lhe permite a história. Uma curiosa ardente que julga ser possível dentro da magnitude complexa dos sentimentos desvendar os mistérios guardados onde nem mesmo a razão ousaria chegar.



Amarre-me sim, mas não com força. Deixe espaço para que eu também faça meus próprios nós. Porque entre você e eu, moço, as cordas se esticaram. Já nem  lembro se começou por mim, quando percebi estavam em meus pés, nas suas mãos, em nós. E quanto mais você puxa, mais eu amarro quanto mais eu resisto, mais se apertam numa confusão de cordas e olhos, de fogo e silêncio. E é das minhas próprias mãos que chego até você, sem força, apenas por impulso. E não diga que não quer me ter assim, amarrada em você, pois é justamente para isso que suas cordas me cercam. Eu o rodeio com as coincidências entrelaçadas, com os nós na garganta, na alma, no corpo... E você me persegue com as palavras que apertam que gelam que queimam. Somos a vontade presa ao querer, mas levemente, delicadas ainda que famintas. Eu não lhe prendo, lhe amarro, e aí esta nossa diferença. Nossos nós são frouxos, são espertos, são traiçoeiros e é a existência deles que nos faz saber o caminho de volta. Não ignore moço, você está tão cheio de cordas quanto eu. Puxe-me perto, que eu lhe amarro as mãos, e a gente brinca de dar nós entre nós, um por um.


Eu sou a sede que lhe faltava, então me beba.

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